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Concentração no mercado de planos de saúde coloca em xeque independência da ANS

Brasil 247 | Joaquim de Carvalho | 29/11/2022

Compra da Sul América pela Rede D’Or até agora foi aprovada sem restrições, mas prejudica a concorrência e os clientes

A inflação dos serviços de saúde tem sido registrada acima da elevação dos preços em geral no Brasil. Entre setembro de 2020 e setembro de 2021, por exemplo, enquanto a inflação oficial ficou em torno de 10%, os preços dos serviços médicos aumentaram 27,5% para o consumidor, conforme o Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS).

 

Muito dessa variação de preços para usuários de planos de saúde se deve à tecnologia incorporada à prestação dos serviços médico-hospitalares, mas não só. A concorrência entre prestadores de serviços é um componente importante na formação de preços, e no apagar das luzes do atual governo federal a concentração de serviços nas mãos de um único grupo econômico ameaça o bolso dos consumidores.

Numa tramitação relâmpago, a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) se encaminha para aprovar a compra de 100% da gigante SulAmérica Saúde pela Rede Do’r São Luiz, a maior empresa de saúde de assistência médica integrada, com mais de 30 hospitais em todo o País. A aquisição em si não seria um problema. Há outros grandes operadores de saúde que possuem o seu próprio plano.

 

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Mas a questão é que a Rede D’or também controla um terceiro agente da prestação de saúde privada, a da administradora de benefícios Qualicorp, que age como corretora dos serviços oferecidos pelos planos de saúde, no caso dela com uma peculiaridade que a fez se tornar líder do mercado, os contratos baseados na adesão coletiva.

Em outras palavras, a Qualicorp compra planos no atacado, com desconto, e vende no varejo por intermédio de sindicatos e entidades de classe. Para o usuário, a operação resulta em preços menores do que aqueles verificados pela aquisição individual, já que o cálculo dos custos é baseado na média dos serviços utilizados por todo o grupo.

 

Concorrência ameaçada

 

Não há dúvida de que, na questão da saúde, o serviço público universal e gratuito é a meta a ser buscada, mais do que em qualquer outro setor do governo. Porém, enquanto a situação ideal não ocorre, o equilíbrio na prestação de serviços por agentes privados deve ser uma exigência do poder público.

E esse equilíbrio está sendo quebrado no caso bilionário que envolve a rede D’or, a Sul América e a Qualicorp. Um empresário do setor, que não quer ter seu nome revelado, compara o negócio a uma bigamia. A rede D’or já estava casada com a Qualicorp quando comprou a Sul América, em fevereiro deste ano. “O que ela quer agora é um casamento a três”, afirma.

 

 



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