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A luta das pacientes com câncer de mama para receber remédios

Planos de saúde se negam a fornecer medicamentos de quimioterapia que custam de R$ 15 mil a R$ 20 mil cada caixa com comprimidos de uso diário.

As vias legais foram a única forma com que Marcela Cardoso, uma cozinheira de 32 anos, conseguiu receber seu novo tratamento contra o câncer. Ela faz parte de um amplo grupo de mulheres pacientes e beneficiárias de planos de saúde que travam outra luta além da doença: o acesso a medicamentos que não constam no rol de procedimentos da ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar).

Depois de ser diagnosticada com câncer de mama aos 28 anos, passar por quimioterapia e radioterapia tradicionais, fazer dupla mastectomia e ter a rotina virada de cabeça para baixo, este ano ela descobriu uma metástase óssea.

Uma nova droga com tecnologia avançada foi a primeira opção indicada pelo médico. O tipo genético do tumor e o fato de que ela está em menopausa induzida foram cruciais na hora da escolha. O remédio funciona como uma quimioterapia oral mais moderna e com os efeitos colaterais reduzidos.

Os novos medicamentos são, muitas vezes, a última opção para pacientes que já passaram por outros tipos de tratamento e precisam avançar para uma intervenção mais moderna. As novas tecnologias permitem com que o tipo genético do tumor seja analisado e combinado com o remédio mais eficiente para cada caso, fornecendo resultados mais eficazes e menos agressivos.

Marcela Cardoso, 32 anos, é uma das mulheres que lutou na justiça por remédios Reprodução/Arquivo pessoal

Marcela faz o novo tratamento há sete meses e conta que as mudanças são visíveis. Sua metástase estabilizou e agora ela consegue viver uma vida normal, com disposição até para ir à academia. São três pílulas quimioterápicas ingeridas diariamente em conjunto com um inibidor hormonal. O ciclo tem duração de 21 dias, seguidos por uma pausa de uma semana para recuperação do sistema imunológico. Depois tudo começa novamente.

Muitos desses remédios já passaram por todas as fases de teste, são aprovados pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), são nacionalizados e já estão em uso. Porém, por se tratarem de uma tecnologia pioneira, têm alto custo e recebem uma relutância dos planos de saúde na hora da cobertura. Uma caixa com 21 comprimidos de uso diário pode custar de R$ 15 mil a R$ 20 mil.

Os planos alegam que só precisam fornecer os procedimentos contidos na lista da ANS. Porém, o rol serve como um parâmetro de cobertura mínima obrigatória, não se limitando somente aos tratamentos discriminados. A inclusão de novos remédios demora, visto que a atualização só acontece de dois em dois anos, fazendo com que a lista fique defasada com frequência.

De acordo com o advogado especialista Rafael Robba, o judiciário entende que essa conduta é abusiva. A partir do momento que o medicamento é aprovado pela Anvisa e foi indicado pelo médico responsável como a melhor opção de tratamento, as empresas devem oferecê-lo. Uma liminar para liberação da entrega dos remédios demora de dois à três dias para sair e, caso os planos não cumpram com o determinado, uma multa diária é aplicada.

Leia também: Câncer de mama: medicamentos aprovados pela Anvisa

Segundo o Inca (Instituto Nacional do Câncer) até o final do ano serão mais de 60 mil casos de câncer registrados no país. Os diagnósticos estão cada vez mais precisos e os novos remédios também. Mesmo com relutância dos planos de saúde é possível conseguir um tratamento eficaz de forma rápida e segura.

 

Fonte: R7



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