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Dona da Amil põe à venda operadora de plano de saúde e hospitais

Dona da Amil põe à venda operadora e hospitais

Valor Econômico | Por Beth Koike e Mônica Scaramuzzo — De São Paulo

UnitedHealth retomou as negociações numa transação avaliada entre R$ 10 bilhões e R$ 15 bilhões, segundo o BofA

A americana UnitedHealth Group (UHG) retomou o processo de venda da Amil. Dessa vez, o grupo americano pretende se desfazer de todo o ativo no país, ou seja, a operadora com cerca de 5,4 milhões de usuários entre planos de saúde e dental, e uma rede com 31 hospitais (4,1 mil leitos) e 28 centros médicos. O novo processo competitivo, assessorado pelo BTG, ainda está em fase inicial e prevê vários formatos como consórcio com vários interessados devido às cifras elevadas do negócio, segundo o Valor apurou. A informação foi antecipada pelo jornalista Lauro Jardim, de “O Globo”.

Segundo estimativas do Bank of America Merrill Lynch (BofA), a Amil é avaliada entre R$ 10 bilhões e R$ 15 bilhões, sem considerar a carteira de planos de saúde individual – que é deficitária e tem sido o grande entrave nas tentativas de venda do ativo, cujas negociações já se arrastam por cerca de três anos. Em 2021, a UHG chegou a oferecer R$ 3 bilhões para um grupo de investidores ficar com cerca de 340 mil contratos de convênio individual e quatro hospitais, no entanto, a transação gerou uma série de reclamações e foi barrada pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS).

A nova tentativa de vender o ativo ocorre num momento em que a operadora voltou a registrar mais um semestre de resultado negativo. Nos primeiros seis meses deste ano, a Amil fechou com prejuízo operacional de R$ 1,6 bilhão e prejuízo líquido de R$ 866 milhões. Foi o pior resultado do setor. Boa parte do prejuízo é devido à carteira de individual que tem uma taxa de sinistralidade superior a 100% e, segundo estimativas do mercado, tem uma piora de R$ 150 milhões a R$ 200 milhões, por ano.

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Nas negociações anteriores, a estratégia da UHG era “fatiar” o negócio para não desvalorizar os demais ativos como os hospitais. Mas diante da negativa da agência reguladora em 2022, da piora no desempenho e no mercado brasileiro de saúde, o grupo americano teria optado por vender toda a operação brasileira a fim de atrair mais interessados. Com receita de R$ 9,8 bilhões no primeiro semestre, a operadora de planos de saúde Amil só foi lucrativa por três anos (incluindo 2020, quando todo o setor teve lucro) desde que foi comprada pela UHG em 2012. Nesse intervalo, o comando da operação brasileira passou por várias mudanças.

Empresa tem 3,1 milhões de usuários de planos de saúde, 31 hospitais e 28 clínicas no Brasil
Ainda segundo fontes, algumas gestoras de private equity com experiência na área da saúde, já demonstraram interesse em olhar o ativo. A aquisição dos ativos da Amil é transformacional para o comprador. Caso seja um entrante, o investidor já começa com uma das maiores rede de hospitais e clínicas médicas e carteira de planos de saúde do país. Já os players do setor podem até dobrar de tamanho. Ao mesmo tempo, não se trata de uma transação simples devido ao tamanho do negócio num cenário de taxa de juros ainda elevada, com muitos grupos de saúde alavancadas e risco de a operação ser barrada pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). Além disso, a legislação não permite cancelamento dos contratos de plano individual, ou seja, é um passivo que o novo comprador teria que carregar e reestruturar ou vender para investidores especializados em ativos estressados.

Procurada pela reportagem, a UHG informou que não comenta rumores de mercado.

 



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