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Coronavírus: o que se sabe sobre remédios e tratamentos da Covid-19

Cientistas de vários países do mundo testam a eficácia de medicamentos já existentes e indicados para outras doenças contra o vírus Sars-CoV-2

Até o momento, não há nenhum remédio comprovadamente indicado para o tratamento do novo coronavírus

RIO — Com o avançar no números de casos de infecção pelo novo coronavírus — e principalmente de mortes — cientistas de várias partes do mundo buscam encontrar um remédio que seja eficiente no tratamento da Covid-19. Para isso, vários medicamentos que já existem e são usados para tratar outras doenças estão sendo testados para combater o vírus Sars-CoV-2.

Abaixo estão listados alguns remédios que se encontram em processos de testes contra o novo coronavírus. O Ministério da Saúde, assim como a Organização Mundial da Saúde (OMS), não recomendam a automedicação. Portanto, não tome por conta própria nenhum tipo de medicamento na intenção de se tratar ou se prevenir do coronavírus.

Além de aumentar o risco de intoxicação e piora do quadro clínico, a corrida às farmácias pode provocar o desabastecimento e prejudicar o tratamento de pacientes que usam estes remédios contra outras doenças.

A cloroquina e a hidroxicloroquina são dois compostos usados no tratamento da malária e de algumas doenças reumáticas que estão sendo testados contra o novo coronavírus. O Ministério da Saúde, inclusive, passou a recomendá-los para o uso hospitalar nos casos graves de Covid-19.

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No entanto, seu uso para este fim tem gerado discussões mundo afora porque não há evidência científica suficiente que permita apostar em sua eficácia e segurança no tratamento da nova doença. De acordo com a colunista do GLOBO Natalia Pasternak, microbiologista, presidente do Instituto Questão de Ciência e pesquisadora do Instituto de Ciências Biomédicas da USP, todos os estudos divulgados até agora são incompletos e não têm resultados confiáveis, seja contra ou a favor.

De acordo com o Ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, o remédio foi autorizado após umestudo afirmar que a cloroquina conseguiu reduzir o tempo médio de permanência de um paciente grave com o novo coronavírus na UTI.

Nos EUA, onde o remédio também foi indicado para o tratamento de pacientes com coronavírus, o diretor do Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas, Anthony Fauci, reforçou que não existem dados suficientes para provar que o medicamento é eficaz contra a Covid-19.

Sabe-se que o uso da cloroquina e da hidroxicloroquina pode causar efeitos colaterais na saúde dos olhos, por isso, seu uso só deve ser feito sob recomendação médica.

Em busca de alternativas

 

Enquanto não se confirma se a cloroquina é eficaz ou não no combate ao coronavírus, cientistas testam em laboratórios e em estudos clínicos outras medicações que possam trazer resultados positivos no combate à Covid-19.

Pesquisadores da Fiocruz testaram contra o coronavírus uma droga que tem sido usada há quase duas décadas contra o HIV. O atazanavir mostrou ser capaz de reduzir em até 100 vezes a velocidade de replicação do vírus Sars-CoV-2. O experimento foi feito em cultura de células, ou seja, não foi testado em humanos. Devido ao histórico com a Aids, esse remédio é potencialmente menos tóxico do que, por exemplo, a cloroquina, que também atua sobre a multiplicação do vírus nas células.

A descoberta não significa que o atazanavir poderá ser empregado imediatamente no tratamento de vítimas da Covid-19. Indica, porém, que tem resultados bons o suficiente para que mereça ser testada em estudos maiores. Em tese, ele também pode reduzir a inflamação generalizada associada aos casos mais graves da doença.

O Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), em Campinas (SP), informou que encontrou dois medicamentos com resultados eficazes contra o coronavírus para testes in vitro. Através de inteligência artificial, biologia computacional, quimioinformática e ensaios com células infectadas, os cientistas chegaram a dois remédios com potencial para compor um coquetel que combateria a doença.

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A pesquisa in vitro está em andamento há três semanas e se encontra em fase de testes complementares. Após essa etapa, serão feitos testes em humanos, que ficarão a cargo de outra instituição pertencente à Rede Vírus do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC). A instituição não quis divulgar os nomes dos compostos para evitar que a população se automedique.

Na Europa, pesquisadores de vários países se uniram para realizar o estudo clínico Discovery. O objetivo é testar quatro tipos de tratamento contra o novo coronavírus. Cerca de 3.200 pacientes de Alemanha, Bélgica, Espanha, França, Holanda, Luxemburgo e Reino Unido participam do estudo. Cada paciente receberá um dos tratamentos e sua evolução será avaliada.

As terapias serão feitas com: remdesivir (antiviral concebido inicialmente para o vírus ebola); lopinavir combinado com o ritonavir (usados no tratamento contra o HIV); lopinavir e ritonavir associado ao interferon-beta (o último remédio é usado no tratamento da esclerose múltipla); ou a hidroxicloroquina.

Já no Japão, cientistas realizam testes para descobrir a eficácia do medicamento favipiravir contra o novo coronavírus. O remédio é usado contra a influenza e impede que os vírus copiem o material genético, dificultando seu processo de reprodução. O remédio apresenta efeitos colaterais importantes como abortos e má-formação fetal e, por isso, não é utilizado em gestantes.

Sangue de pacientes recuperados

 

Um consórcio formado pelo Hospital Israelita Albert Einstein, o Hospital Sírio-Libanês e a Universidade de São Paulo (USP) começará a realizar testes clínicos para uso do sangue de pacientes que já se recuperaram do coronavírus em doentes graves da doença. São estudos ainda incipientes e em fase inicial em outros países, mas espera-se que o plasma (parte líquida do sangue, carregada de anticorpos e proteínas) de pessoas curadas possa ajudar a reduzir a gravidade em hospitalizados e acelerar o combate à infecção.

O hematologista Nelson Spector, professor emérito da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), prevê que os primeiros resultados de testes com plasma de pacientes da Covid-19 saiam em 2 meses.

Fonte: O Globo 



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