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Guia da vacina: o que você precisa saber sobre a campanha de imunização contra a covid-19

João Prata, O Estado de S.Paulo
17 de janeiro de 2021 | 21h56
Atualizado 19 de janeiro de 2021 | 12h45

Cada Estado definirá cronograma e agendamento da vacinação, que começou nesta segunda-feira, 18, para profissionais da linha de frente no combate ao coronavírus; ainda não é hora de correr para os postos de saúde

A vacinação nacional contra a covid-19 começou nesta segunda-feira, 18, a partir das 17h, de acordo com o Ministério da Saúde. A distribuição das doses da Coronavac para cada Estado foi iniciada na manhã desta segunda. Após o recebimento, caberá aos governos estaduais a definição sobre agendamento da vacinação dos grupos prioritários, formados por profissionais de saúde da linha de frente no combate ao coronavírus, idosos que vivem em asilos e indígenas.

Anvisa liberou neste domingo uso emergencial das vacinas Coronavac e da Astrazeneca. Foto: Amanda Perobelli/Reuters

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) liberou no domingo, 17, o uso emergencial de 8 milhões de doses das vacinas Coronavac (6 milhões) e Oxford/Astrazeneca (2 milhões). As doses da vacina de Oxford, que serão importadas da Índia, ainda não têm previsão de chegada ao País.

Logo após a aprovação da Anvisa, o Estado de São Paulo iniciou a imunização de profissionais da saúde. Na segunda-feira, 18, a campanha de vacinação começou oficialmente no complexo do Hospital das Clínicas, voltada exclusivamente para os profissionais da linha de frente.

 

 

 

Abaixo, perguntas e respostas sobre o assunto:

 

Quando começa a vacinação no Brasil?

 

O ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, autorizou o início do Plano Nacional de Imunização nessa segunda-feira, 18. Com a chegada das vacinas, 15 Estados começaram a vacinação ainda na segunda-feira. No domingo, 17, o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), fez evento para começar a aplicação de doses em profissionais de saúde na capital paulista e a campanha seguiu nesta segunda, com a vacinação desse grupo no Hospital das Clínicas da capital e em outras cidades do interior. Os demais Estados devem iniciar suas campanhas de imunização nesta terça-feira, 19.

 

Quais serão os grupos prioritários?

 

Conforme o Ministério da Saúde, os primeiros a receber as vacinas são os profissionais de saúde da linha de frente do combate à covid-19, idosos que vivem em asilos e indígenas. Essas pessoas vão receber a imunização nos locais onde vivem/trabalham, sob a coordenação de cada município. O número limitado de doses disponíveis no momento obrigou o ministério a priorizar indivíduos com mais risco. Cerca de 156,8 mil idosos vivem em instituições de longa permanência. O governo estadual de São Paulo já iniciou a vacinação com profissionais de saúde. Antes o governo paulista previa começar a vacinar idosos com mais de 75 anos em 8 de fevereiro, mas com a compra de todas as doses da Coronavac pelo Ministério da Saúde, o cronograma original foi alterado e novas datas ainda serão anunciadas pelo governo paulista.

 

Quais serão os locais de vacinação?

 

Cada Estado definirá os postos de vacinação. O governo de São Paulo divulgou neste domingo a operação que começou oficialmente nesta segunda-feira com a imunização de trabalhadores de saúde de seis hospitais de referência: Hospitais das Clínicas da Capital e de Ribeirão Preto (USP), Hospital das Clínicas da Campinas (Unicamp), Hospital das Clínicas de Botucatu (Unesp), His de Marília (Famema) e Hospital de Base de São José do Rio Preto (Funfarme). Ou seja, ainda não é hora de se dirigir a postos de vacinação em busca de vacinação ou até mesmo de informações complementares.

 

Quais vacinas serão aplicadas no Brasil?

 

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) liberou no domingo o uso emergencial de 6 milhões de doses da Coronavac, desenvolvida pelo laboratório Sinovac em parceria com o Instituto Butantã, e de 2 milhões de doses da vacina da Universidade de Oxford, desenvolvida pela AstraZeneca, em parceria com a Fiocruz. Não há, porém, doses do imunizante britânico no Brasil ainda – o governo federal tenta importar dois milhões de doses do produto da Índia, mas o governo do país asiático ainda não liberou o produto.

 

A vacina será gratuita?

 

Sim. Inicialmente, a vacina será aplicada apenas pelo Sistema Único de Saúde, de forma gratuita a toda população.

 

Há previsão de que se possa comprar a vacina em clínicas particulares?

 

Ainda não há previsão de compra das vacinas aprovadas pelas clínicas particulares.

 

Quantas doses da Coronavac estão disponíveis e quantas pessoas podem ser vacinadas com elas?

 

O lote inicial é de 6 milhões de doses da Coronavac, que começaram a ser distribuídas nesta segunda-feira. Esse lote será suficiente para a vacinação de só 0,5% dos idosos brasileiros e 34% dos profissionais de saúde do País.

Mais doses da Coronavac podem ser produzidas em breve?

 

O Instituto Butantã tem 4,8 milhões de doses em fase final de produção, mas aguarda nova autorização da Anvisa para uso emergencial. O pedido foi feito nesta segunda-feira, 18. O órgão não recebeu novas remessas do Insumo Farmacêutico Ativo, o princípio ativo da vacina, importado da China.

 

Qual a capacidade de produção da Coronavac?

 

O Instituto Butantã tem capacidade para fabricar um milhão de doses por dia, de acordo com presidente do órgão, Dimas Covas. Mas, para isso, depende de insumos feitos pelo laboratório chinês Sinovac que precisam ser importados. A instituição estima que ainda demore dez meses para ter capacidade de produzir a vacina sem depender de insumos importados.

 

Quantos e quais Estados já começaram a vacinação com a Coronavac?

 

Depois do pontapé de São Paulo neste domingo, outros 15 Estados iniciaram suas campanhas de vacinação nesta segunda-feira, 18: Goiás, Rio de Janeiro, Santa Catarina, Ceará, Minas Gerais, Espírito Santo, Paraná, Rio Grande do Sul, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Pernambuco, Piauí, Amazonas, Maranhão e Tocantins.

 

A taxa geral de eficácia da Coronavac se revelou de 50,38%. O que isso significa?

 

Essa taxa de eficácia da Coronavac significa que, de cada cem pessoas vacinadas que tiverem contato com o vírus, 50,38% não vão manifestar a doença graças à imunidade conferida pela vacina. E para quem acabou ficando doente, a vacina reduziu em 78% a chance de ter uma doença leve que precise de assistência médica.

 

 

 

 

A vacina de Oxford tem melhor eficácia?

 

As duas vacinas têm eficácia suficiente para ajudar no combate à pandemia. Nos testes, a vacina de Oxford foi administrada de duas formas diferentes: na primeira delas, os voluntários receberam metade de uma dose e, um mês depois, uma dose completa. Nesse grupo de voluntários, a eficácia foi de 90%. Já no segundo grupo, que recebeu duas doses completas da vacina, a eficácia foi reduzida a 62%. Esses dois resultados permitiram obter eficácia média de 70%.

 

A vacina de Oxford já está sendo produzida no Brasil?

 

Ainda não. A Fiocruz será a responsável pela produção da vacina de Oxford/AstraZeneca, mas não recebeu nenhuma remessa do Insumo Farmacêutico Ativo (IFA), o princípio ativo da vacina, para a produção. O produto vem da China. A instituição informou que a chegada dos insumos em janeiro ainda está dentro do calendário contratual.

 

Quanto tempo após tomar a vacina a pessoa pode se considerar imunizada?

 

A imunidade depende de cada vacina. Um imunizante geralmente demora de duas a três semanas para fazer efeito. As duas vacinas (Coronavac e Oxford/AstraZeneca) precisam de duas doses para atingir a eficácia total. No caso da Coronavac, as vacinas devem ser aplicadas com intervalo de 28 dias. Já a vacina de Oxford pode ter espaço de 21 dias a 3 meses entre as aplicações.

 

 

Grávidas podem tomar a vacina?

 

Segundo os especialistas, vai depender do caso. Os estudos clínicos dos imunizantes aprovados para uso emergencial no Brasil não têm dados robustos sobre a ação das vacinas em grávidas. Caso pertença a algum grupo de risco – seja ela obesa, hipertensa ou diabética -, deve ser informada de que se trata de uma vacina nova, ainda não testada para o caso dela. Mas, mesmo assim, ser infectada pela covid-19 representa um risco maior que o de ser vacinada. A recomendação é de que as gestantes conversem com seus obstetras antes de tomar uma decisão.

 

Quem está com febre pode tomar a vacina? E quem está tomando antibiótico?

 

As pessoas com febre devem aguardar para receber a vacina. Quem está tomando antibiótico deve conversar com o seu médico antes.

 

Por que a vacinação é importante?

 

Quanto maior o número de pessoas vacinadas, mais rápido terminará a pandemia. Isso porque diminuirá a circulação do vírus e maior parte da população fica protegida.

 

À medida que a imunização ocorra, as medidas de isolamento podem ser relaxadas?

 

Os próprios técnicos da Anvisa que realizaram reunião pública e aprovaram o uso emergencial de ambas as vacinas – a Coronavac e a produzida por Oxford – ressaltaram que o País ainda está longe de vislumbrar um cenário em que as medidas de restrição impostas com base na ciência deixem de ser necessárias. Por isso, ainda é fundamental manter o isolamento sempre que possível e usar máscara e álcool em gel.

 

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