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Os resultados foram apresentados hoje no Simpósio Presidencial do Congresso Virtual da Sociedade Europeia de Oncologia Médica (ESMO) 2020 e publicados no Journal of Clinical Oncology.
O monarchE chegou a fase 3 e avaliou os efeitos de dois anos de tratamento com abemaciclibe, adicionado à terapia do bloqueio hormonal, que é um tratamento para diminuir ou bloquear completamente a função dos hormônios femininos no corpo da mulher. Esse tipo de tratamento hormonal costuma gerar sintomas semelhantes aos da menopausa.
“Esse estudo é extremamente importante porque ele aponta numa direção da gente ter, efetivamente, um tratamento que pode diminuir o risco de recorrência para paciente que, de fato, a gente hoje se preocupa e faz o melhor tratamento disponível, e mesmo assim, muitas vezes, a gente tem a recorrência”, explica Laura Testa, médica oncologista na Oncologia D’Or e no ICESP (Instituto do Câncer do Estado de São Paulo), líder da área de câncer de mama do ICESP e membro do comitê de direção do estudo monarchE.
O estudo foi feito com 5.637 pacientes com câncer de mama precoce e que tinham alto risco de novas recorrências de câncer de mama; As pacientes foram selecionadas em mais de 600 locais em 38 países. No Brasil foram 297 pacientes em 21 centros de estudo; Metade das pacientes foram tratadas com abemaciclibe (150 mg duas vezes ao dia) mais o tratamento de bloqueio hormonal, e a outra metade apenas com o bloqueio hormonal; As pacientes selecionadas para avaliação foram tratadas por dois anos com abemaciclibe e agora continuarão com o tratamento de bloqueio hormonal por pelo menos mais três anos, totalizando um período de, no mínimo, cinco anos.
As pacientes que fizeram esse tratamento adicional tiveram uma recorrência da doença 25% a menos do que as que seguiram o tratamento padrão. A adição de abemaciclibe à terapia hormonal também resultou em uma melhora no tempo que o câncer leva para se espalhar para outras partes do corpo. A combinação reduziu o risco de desenvolver doença metastática em 28%, com as maiores reduções ocorrendo nas taxas de metástases para o fígado e osso.
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“Mudou o tratamento das pacientes que já tem metástase, então é uma classe muito importante de tratamento. Esse é o primeiro dado de que essa mesma classe de medicamento também serve para diminuir o risco da da doença metastática aparecer. Essa é a importância do estudo”, comemora Testa.
As taxas de sobrevida livre de doença a longo prazo em dois anos foram de 93,6% no tratamento com abemaciclibe e 90,3% no tratamento comum.
“A gente tem a esperança de que esses dados fiquem cada vez mais robustos com o passar do acompanhamento do estudo. E esse estudo vai continuar fornecendo dados de recorrência, de como essas pacientes estão indo com esses remédios. É uma esperança a mais. É mais uma arma que a gente vai poder olhar para frente no futuro e ver que está fazendo a diferença para essas pacientes”, finaliza a oncologista.
Fonte: UOL