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Muita coparticipação e pouca prevenção: um raio-x da saúde nas empresas

Estudo exclusivo com 704 empresas mostra que, para economizar com saúde, elas focam na coparticipação do plano, mas ainda deixam a gestão da saúde de lado

Os custos dos planos de saúde continuam crescendo para as empresas, mas a maioria ainda recorre a soluções limitadas para resolver essa equação. É o que mostra a pesquisa Gestão de Saúde Corporativa, realizada pela Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH) em parceria com a Aliança para a Saúde Populacional (ASAP). O levantamento teve 704 respondentes, de empresas que representam 6,5 milhões de beneficiários de planos de saúde, e é divulgado pela EXAME com exclusividade.

Uma das principais conclusões do estudo é que as empresas estão recorrendo mais a medidas para dividir o custo do plano de saúde com o empregado. O levantamento, feito entre janeiro e março de 2020, mostrou que 72% das empresas respondentes tinham plano de saúde com coparticipação.

Em 2017, eram 59% com essa modalidade de plano. Já os planos de saúde com política contributiva do colaborador foram 57% em 2020, ante 54% em 2017.

Por outro lado, a pesquisa conclui que “não houve evolução” nos percentuais de empresas que adotam estratégias, processos e indicadores para acompanhar e medir a eficiência e os custos de seus programas de saúde.

“A pesquisa mostra que a maioria das empresas trata o tema da saúde mais como um custo do que como investimento. E as ferramentas usadas para reduzir os gastos com saúde ainda são aquelas que aparecem depois que tudo ocorreu. É a mudança de operadora ou o aumento da coparticipação. São medidas que lidam com o sintoma e não com a causa e que têm um efeito limitado na resolução do problema”, afirma Luis Edmundo Rosa, diretor da ABRH.

A pesquisa identifica uma desaceleração no aumento dos custos com saúde para as empresas. Em 2017, 31% das empresas tiveram reajuste do plano acima de 15%; em 2020, só 18% chegaram a esse patamar de reajuste. Ainda assim, os gastos com saúde estão acima de 16% dos custos de recursos humanos para 36% das empresas ouvidas e a sinistralidade está acima de 70% em 59% delas.

Quando questionadas sobre o que a empresa faz para conter os custos com saúde, 61,9% responderam que usam a coparticipação, ante 53,9% em 2017. Já a proporção de empresas que recorrem a programas de gestão de saúde permaneceu a mesma: 42%.

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A maior parte das empresas ouvidas não tem programas para gerenciamento de saúde de grupos de risco. Em 2017, 51% delas disseram não possuir nenhum programa do tipo, em 2020 o número oscilou para 52%.

Os dados mostram ainda que os programas de sobrepeso tiveram queda na adesão. Em 2017, 35% das empresas tinham algum programa do tipo; em 2020 eram 32%. Os programas que tiveram aumento na adesão foram tabagismo, com adesão de 22% das empresas em 2020, ante 17% em 2017; e diabetes, com adesão de 26% das empresas em 2020, ante 24% em 2017.

“As empresas precisariam ter um mapa da sua carteira, com informações tanto de doenças crônicas quanto das mais agudas. As doenças crônicas não-transmissíves são a maior parte do sinistro. Por aí já sabemos um ponto importante para atacar”, afirma Ricardo Ramos, presidente da ASAP.

Outro dado que chama a atenção é de nível de estresse percebido nas empresas. Dentre os respondentes, 52% avaliam que o nível de estresse em sua organização é alto ou muito alto — em 2017 eram 40% com essa percepção. E só 17% acreditam que esse nível de estresse vai diminuir no futuro – em 2017 eram 20%.

Para os pesquisadores, esses índices chamam a atenção para a necessidade de avaliação de seus impactos no custo da saúde e a necessidade de se definir ações no ambiente corporativo a fim de melhorá-los.

O número de empresas com algum programa de estímulo à alimentação saudável também diminuiu no período. Em 2017, 44% das empresas disseram ter algum programa do tipo; em 2020 esse número caiu para 35%. Dentre as ações promovidas por quem tem algum programa, houve aumento no assessoramento de nutricionista – de 56% para 65% — e redução em programas de educação alimentar – de 53% para 47%. A distribuição de frutas pela empresa foi de 43% para 46%.

Também aumentou a proporção de empresas que não têm nenhum programa de incentivo à atividade física. Em 2017 25% não tinham, em 2020 eram 34%.

Apesar de avanços ainda necessários, a gestão da saúde nas empresas deve mudar mais rápido com a pandemia do novo coronavírus. “Com a pandemia, as empresas deixam de olhar só para o custo e passam a ver a importância da prevenção e da qualidade de vida. Veem também que só buscar o plano mais barato pode não ser um bom negócio”, afirma Paulo Sardinha, presidente da ABRH.

Fonte: Exame



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