04 jun Reajustes deixam os planos de saúde até 50% mais caros em 2021
Reclamações cresceram mais de 70% no Procon e órgão acionou Justiça para que operadoras e administradoras do plano respondam pelo ocorrido
O ano de 2021 chegou com um reajuste salgado para o bolso de muitos brasileiros: o dos planos de saúde. A corretora de imóveis, Talita Nóbrega levou um susto. O plano da família dela, que inclui quatro pessoas, subiu de R$ 2.378 para R$ 2.500. A alternativa foi mudar de operadora, mas a antiga informou que ela teria que seguir pagando o valor da correção referente ao ano de 2020, não aplicado antes, por causa da pandemia.
“Graças a Deus a gente conseguiu mudar para esse, que a gente economiza cerca de mil reais. O absurdo maior é que a gente vai ter que pagar esse reajuste do ano passado. Neste ano inteiro vão vir boletos de R$ 130. Isso é um absurdo”, afirmou. Uma pesquisa do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor aponta que reclamações sobre reajustes de planos de saúde aumentaram mais de 120% nos quatro primeiros meses deste ano em comparação com o ano passado. De janeiro a abril de 2020 foram 43 reclamações. Em 2021, esse número foi de 95.
O Procon de São Paulo também observou um crescimento de mais de 70% nas reclamações. Entre as denúncias, há reajustes que vão desde 30 a 200%. Conforme o que foi apurado pelo órgão, essas mudanças chegam sem qualquer explicação para os consumidores. Fernando Capez, diretor executivo do Procon, diz que notificou as operadoras solicitando despesas que justificassem os aumentos.
“Se não houver justificativa, fica caractertizada a prática abusiva. Sabe qual foi a resposta das operadoras e das administradoras? Nenhuma. O Procon não teve, então, outra alternativa a não ser entrar na Justiça”, afirmou. Há um pedido liminar para que os planos privados mostrem os gastos e outra ação na Justiça Federal contra a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), pois o entendimento do Procon é que a agência foi omissa. A ANS regula tanto planos individuais familiares como coletivos, mas o índice máximo de reajuste anual é determinado apenas para os individuais, já que os coletivos ficam a cargo do contrato e da relação entre empresa contratante e operadora.
Em 2020 o aumento para os planos individuais ficou estabelecido em 8,14%, para o ano de 2021, esse reajuste ainda não foi divulgado. Em nota, a Associação Brasileira de Planos de Saúde (Abramge) explica que os reajustes anuais têm como objetivo equilibrar os custos dos serviços. O grupo informou, ainda, que em 2020 os reajustes dos planos de saúde foram suspensos, o que fez com que a aplicação das correções se concentrassem em 2021, gerando um aumento considerável de reclamações. A equipe da Jovem Pan entrou em contato com a Agência Nacional de Saúde (ANS), mas não obteve resposta até o momento.
*Com informações da repórter Carolina Abelin
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