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Reajustes planos de saúde 2024

Reajustes devem repetir 2023, na faixa dos 20%, mas haverá espaço para negociação

O Globo | Luciana Casemiro | 02/01/2024

Presidente da Abramge admite que reajuste aplicado às mensalidades foi elemento de maior peso na recomposição das contas das operadoras

Os reajustes dos planos de saúde devem continuar salgados em 2024. A perspectiva é que se repitam os índices aplicados às mensalidades do ano passado, que segundo estimativa da consultoria Arquitetos da Saúde o percentual deve variar entre 20% e 25%, vale lembrar que a inflação deve fechar o ano na casa dos 4%. No entanto, em regiões mais disputadas haverá espaço para uma estratégia comercial mais agressiva, o que pode significar aumentos em percentuais menores para o consumidor local, diz Renato Casarotti, presidente de Associação Brasileira de Planos de Saúde (Abramge).

Apesar do resultado líquido positivo de R$ 2,27 bilhões alcançado pelo setor nos nove primeiros meses de 2023, último dado disponibilizado pela Agência Nacional da Saúde Suplementar (ANS), Casarotti diz que ainda não se pode falar em recuperação do setor. Mas o fato é que houve uma mudança de trajetória dos dados financeiros da saúde suplementar que tinham registrado o pior resultado da história em 2022. E a recomposição dos preços pelo aumento das mensalidades foi o grande fator dessa mudança.

— O reajuste aplicado às mensalidades dos planos foi o elemento de maior peso nessa recomposição. O resultado de 2022 foi tão ruim que não havia espaço para ser agressivo. Em 2024, acredito que em regiões e nichos mais competitivos será possível adotar uma estratégia diferente e praticar reajustes menores. No entanto, não há de se falar ainda de recuperação do setor diante de um resultado operacional ainda bastante negativo. É claro que o resultado financeiro é parte dessa operação, mas não é sustentável operar continuamente num mercado em que “se paga para trabalhar” e fechar as contas com as receitas das aplicações – pondera o presidente da Abramge.

Em 2022, Casarotti avisou que os aumentos seriam mais altos este ano e as operadoras prefeririam rescindir contratos a mantê-los desequilibrados e assim foi. Muitos contratos coletivos, que correspondem mais de 80% do mercado da saúde suplementar, foram reajustados na casa dos 25%, 30%, alguns até mais.

– Nos planos de saúde de até 29 usuários, acompanhados pela ANS, tiveram aumento entre 19% e 22% nas principais operadoras. Nos contratos maiores, que não têm nenhum controle de índice de aumento pela ANS, muitas vezes os reajustes superaram este índice. Então nenhuma aposta fora de 20% a 25% para o reajuste em 2024 parece boa neste exato momento. A não ser que o quarto trimestre traga algo diferente do que sabemos até agora – avalia Luiz Feitoza, da Arquitetos da Saúde.

E o ajuste não se restringiu as mensalidades dos clientes em 2023, os preços dos produtos oferecidos pelo setor para quem ingressou nesse mercado também subiu. Quem conhece alguém que está buscando um plano de saúde para contratar, na maioria das vezes a procura era para a troca por um contrato mais barato, não cansa de ouvir essa reclamação.

— As operadoras foram mais conservadoras na precificação dos produtos em prateleiras, aumentaram os preços de tabela para garantir produtos mais sustentáveis. A lógica atuarial mudou com o fim dos limites das terapias. De outro lado, foram implementadas ações concretas para gerenciar despesas, como redesenho de redes credenciadas, ampliação de uso de junta médica para análise de procedimentos, principalmente os ligados a recomendação de terapias para o espectro autista (TEA).

Para os clientes de planos de saúde estas novas medidas, no entanto, têm soado como restrição de acesso. Não à toa, o número de reclamações de usuários de planos de saúde à ANS registrou uma alta de 49,7% nos primeiros dez meses de 2023. As reclamações referentes à assistência dos planos somaram 82,7% das notificações registradas pela agência até outubro, último dado disponibilizado pela agência reguladora.

Novas movimentações do mercado

Apesar da recente negociação da Amil, que teve a venda fechado no fim de 2023, um negócio na casa dos R$ 10 bilhões, entre desembolsos e passivos, na avaliação do presidente da Abramge, apenas em 2025 o setor deve retomar o que chama de “normalidade” o que pode retomar o apetite do setor para novos investimentos. Ele aposta para este ano em novos arranjos que garanta maior viabilidade econômica, principalmente no segmento de prestadores de serviços de pequeno e médio porte, como hospitais:

— Não falta oportunidade de aquisição, falta é capital. Os juros ainda está alto e o que vejo é um movimento com mais cara de parceria do que aquisição, principalmente, pelos lados dos prestadores de serviços de saúde que podem ter ganhos de escala com atuação conjunta para fazer frente aos grandes grupos.

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