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Saúde e consumo: a hora do novo individual

Consumidor Moderno | Marcelo Brandão | 01/04/2022 | Rafael Robba

Um olhar analítico para os novos modelos de serviços e planos de saúde no Brasil; A Era do Diálogo 2022 debateu a urgência e os desafios desse tema

Estima-se que mais de 80% dos planos de saúde ativos no País sejam dos chamados coletivos empresariais. Por outro lado, a oferta de planos individuais é praticamente inexiste no País, e um dos motivos é bem conhecido: o reajuste de preço anual definido pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) e que impacta apenas os planos individuais.

De olho na urgência do diálogo para este cenário, “A saúde já não cabe no bolso do consumidor: é hora do novo individual” foi o tema de um dos painéis do evento A Era do Diálogo 2022, que discutiu o momento do acesso à saúde no Brasil.

Mediado por Rafael Robba, advogado e sócio da Vilhena Silva Advogados, o painel contou com a presença de Rafael Figueira, CEO do Portal Telemedicina, Vanessa Gordilho, diretora-geral da Qsaúde, Claudia Silvano, diretora do Procon-PR e Alberto Salles, CSO & COO da Saúde ID.

Inovação é o caminho para a saúde?

Planos individuais com foco na tecnologia, prevenção e inovações em saúde suplementar, como a telemedicina, estão ganhando fôlego no mercado brasileiro. Seja pelas mais diversas urgências ou impossibilidades do consumidor frente ao cenário atual da saúde no País, as empresas estão se dedicando a construir novos serviços para este gargalo.

A Qsaúde é uma das health techs que surfam essa onda de inovação e oportunidade no mercado brasileiro. Vanessa Gordilho, diretora-geral da companhia, evidencia o momento e revela que planos individuais e disruptivos, com foco no cliente, por meio de tecnologias avançadas, acompanhamento e prevenção, estão ganhando mais espaço no Brasil. “É um plano de saúde com uma usabilidade diferente. Com atendimento médico por telemedicina 24 × 7 e a segurança de ser regulado pela ANS”, resume Vanessa.

Alberto Salles, da Saúde ID, outra heath tech do mercado, também aponta que esses modelos estão contribuindo para o acesso à saúde no País. “Somos um marketplace que ofertamos uma gama de serviços onde o consumidor não precisa ter um vínculo com um plano de saúde. Uma combinação de rede credenciada, com diversas opções e com meios de pagamentos acessíveis”, diz.

Para Rafael Figueira, do Portal Telemedicina, esse modelo veio para ficar. “Somos uma empresa B2B para operadoras para aumentar a eficiência e diminuir custos”, pontua. Figueira também informa que a integração de sistemas e a base de dados como fonte de informações são os diferencias da empresa. “Integramos hoje 100% das unidades do SUS em São Paulo. Hoje temos algoritmos que detectam os primeiros exames por meio de aplicativos de celular, por exemplo. Tudo isso diminui esperas, custos e eventuais complicações em saúde”, reforça.

Tendências também precisam de cuidados

Neste contexto de inovações, Claudia Silvano, do Procon-PR, avalia essa tendência com cautela. “Temos muitos consumidores ainda que não entendem que eles não estão contratando um plano de saúde quando utilizam uma inovação no campo da saúde, por exemplo. E na maioria das vezes os problemas recorrentes dessa desinformação irão colidir com órgãos como o Procon”, alerta.

Assim, a diretora do Procon-SP pontua que toda inovação deve atender os anseios dos consumidores em primeiro lugar. “Entendo que inovação deve trazer resolução para o consumidor”, frisa Claudia.

Informação é o maior desafio

Para Alberto, da Saúde ID, esse olhar do consumidor sobre questionamentos de qualidade e responsabilidades é previsível hoje.“Quando falamos de um marketplace de saúde como o nosso, tomamos todo um cuidado dessa jornada do paciente ser monitorada por nós. Nossos níveis de governança e segurança são altíssimos. Trazemos todo um pré e pós-cirúrgico onde nossos salers devem garantir segurança para seus clientes. Cuidamos de toda essa jornada com total foco no cliente”, pontua o executivo da Saúde ID.

Vanessa, da Qsaúde, também acredita que a informação nesse setor é o maior desafio. “Os múltiplos canais de atendimento, as diversas plataformas de contato existentes hoje requerem esse cuidado e tratamento humanizado com os clientes de saúde. No caso da Qsaúde, temos essa atenção. Nossos ‘médicos de família’ fazem parte de um modelo de serviço com consistência de informação e qualidade”, acrescenta.

Rafael Figueira, do Portal Telemedicina, ressalta os cuidados com a privacidade e a segurança dos dados dos clientes neste modelo. “O dado agora é do paciente, a LGPD, veio para garantir isso”, lembra o executivo.

Mesmo com tantas inovações e bons resultados por meio das novas tecnologias, Claudia Silvano, do Procon-PR, entende que essa relação digitalizada ainda está em evolução.

“O cenário que chega para nós do Procon é muito diferente. Muitos executivos precisariam passar algumas horas num órgão como o Procon para realmente entender por que ainda não avançamos em algumas questões”, conclui Claudia.

Em última análise, buscar uma resposta única para a resolutividade e qualidade dos planos de saúde no Brasil é uma tarefa complexa. Individual ou coletivo, o fato é que um modelo que atenda e transacione com a complexidade do mercado brasileiro é sensível, e também urgente. Sem dúvida, as tecnologias estão contribuindo neste avanço. Por outro lado, questionamentos nascem na mesma proporção.

 

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