07 out Venda de planos de saúde individuais mais baratos volta à pauta das operadoras
Em meio ao cenário de desemprego e aumento da informalidade, representantes do setor dizem que é preciso garantir a inclusão de quem depende exclusivamente do SUS. A proposta, no entanto, recebe críticas.
O desemprego e o aumento da informalidade são argumentos usados pelas operadoras de plano de saúde para voltar a vender planos individuais, mas com menos opções de serviços. Os chamados módulos segmentados iriam oferecer, por exemplo, acesso só a consultas, ou a consultas e exames. Em compensação, o valor seria mais baixo.
Com a estagnação da economia e num cenário com 13 milhões de desempregados, os planos individuais podem ser um caminho para aumentar o acesso à saúde suplementar, que desde 2014 perdeu cerca de três milhões de usuários.
Os planos individuais representam menos de 20% do mercado. A maior parte dos beneficiários está nos planos coletivos, oferecidos pelas empresas. O economista-chefe da Associação Brasileira de Planos de Saúde, Marcos Novais, diz que é preciso inserir as pessoas que não se encaixam nesse perfil: ‘a gente está com uma dificuldade de ofertar aquilo que as pessoas estão desejando’, relata. ‘A gente vai precisar moldar os produtos para aquilo que as pessoas querem e precisam. No modelo formatado hoje, as pessoas estão com dificuldade de aderir.’
O assunto será discutido num fórum em Brasília no final do mês, que vai reunir representantes do poder público e das empresas de planos de saúde. O evento será organizado pela Federação Nacional de Saúde Suplementar, que concentra as principais operadoras do país.
A diretora-executiva da Fenasaúde, Vera Valente, diz que é preciso diversificar a oferta para atender quem depende exclusivamente do SUS: ‘ter acesso à saúde suplementar está muito vinculado a ter um emprego formal que traga esse benefício’, explica. ‘Hoje, esse caminho é trazer as pessoas que estão excluídas. O que estamos defendendo é uma maior segmentação, para que o consumidor tenha mais escolha do seu plano, que caiba no bolso dele.’
Entidades de defesa do consumidor, no entanto, são contrárias a planos individuais com acesso restrito aos serviços de saúde. O argumento é que não atendem às demandas de assistência dos brasileiros. No caso do tratamento de um câncer, por exemplo, o usuário ainda precisaria recorrer ao SUS.
A médica e especialista em saúde pública Ligia Bahia, professora da UFRJ, diz que o Sistema Único de Saúde é pressionado a ampliar as coberturas, com menos recursos, enquanto os planos de saúde buscam restringir os serviços oferecidos: ‘é uma proposta que substitui as garantias de cobertura por um acesso muito restrito, que não leva em conta as condições epidemiológicas, o envelhecimento. Se esse paciente precisar de um atendimento de emergência, quebrar uma perna, essa paciente vai continuar pagando todo mês’, critica.
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Na Câmara dos Deputados tramita um projeto para mudar o marco legal dos planos de saúde. A ideia é aumentar o número de usuários dos quase 50 milhões que existem hoje para 70 milhões. O argumento é desafogar o SUS, já que estados e municípios têm dificuldade para investir em saúde.
Fonte: Rádio CBN – Rodrigo Serpa