Descredenciamento de médicos laboratórios e hospitais

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Jornal Nacional | 19/06/2023 | Renata Vilhena Silva

 

Em 2023, aumentaram as queixas de clientes de plano de saúde por causa do descredenciamento de médicos, laboratórios e hospitais.

A dona de casa Laís Mattos pede ajuda divina toda vez que liga para o plano de saúde. Depois de pagar mensalidade durante 24 anos, tentou marcar uma cirurgia de catarata. Só então descobriu que a clínica onde sempre fez as consultas tinha sido descredenciada. O plano indicou um hospital que fica em outra cidade.

“Infelizmente não conheço. Pode ser um excelente hospital; não estou, de maneira alguma, desmerecendo. Mas são lugares que a gente não tem histórico”, afirma.

Reclamações como a de Laís vêm crescendo no Brasil. Dados da Agência Nacional de Saúde Suplementar, que fiscaliza os planos, mostram que foram mais de 12 mil reclamações em 2020, quase 16 mil em 2021, e mais de 25 mil em 2022. Em 2023, até maio, já foram mais de 13 mil.

Em São Paulo, só este ano, o Ministério Público já abriu sete procedimentos para apurar os descredenciamentos. A advogada especializada em direito à saúde Renata Vilhena Silva diz que muitas operadoras, não mantém a qualidade dos planos que vendem.

“As operadoras estão comprando os hospitais e tentando restringir os consumidores para utilização da rede própria, para contenção de custos, e isso está diminuindo muito a rede credenciada e o direito dos clientes”, destaca.

O presidente da Abrange, que representa os principais planos de saúde do país, diz que o crescimento das reclamações reflete o aumento do número de segurados e o de procedimentos, que tinham caído durante a pandemia, e que as substituições são feitas por serviços equivalentes, como determina a lei.

“A percepção individual pode mudar. Mas não é eventualmente por causa da marca de um hospital A ou B que é melhor ou pior. O que eu tenho que avaliar é quais são os indicadores de qualidade, qual que é o índice de reinternação, qual é o desfecho clínico daquele hospital. Agora, o que é mais importante, e a gente sempre registra, é que as coberturas não se alteram”, defende Renato Casarotti.

Pela lei, os planos de saúde podem descredenciar laboratórios e profissionais, mas precisam substituir por outros equivalentes e têm que avisar os clientes com 30 dias de antecedência. Também podem trocar os hospitais da rede conveniada, com substituição por outros que prestem o serviço com a mesma qualidade. Nesse caso, além de comunicar os beneficiários, também é preciso avisar a ANS. E, se o for reduzir a rede conveniada, precisa pedir autorização para a agência reguladora.

Segundo a ANS, cabe às operadoras colocar no site da internet todas as informações sobre substituição de prestadores de serviço não hospitalares. O mesmo vale para o descredenciamento da rede hospitalar. Quem não fizer isso leva advertência e multa de R$ 25 mil. Caso a operadora não cumpra as regras de equivalência e não informe a substituição da entidade hospitalar, a multa é de R$ 30 mil.

Descredenciamento de hospitais

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Você já teve problemas com descredenciamento de hospitais no seu plano de saúde?

A Lei 9.656/98 permite o descredenciamento de um prestador se houver a substituição do hospital por outro equivalente. E desde que haja comunicação aos consumidores e Agência Nacional de Saúde Suplementar, com 30 (trinta) dias de antecedência. Além disso, se a operadora realizar a substituição durante o período de internação do consumidor, ela garante a continuidade do tratamento até a alta hospitalar.

Entretanto, para apuração de equivalência dos prestadores em descredenciamento, a substituição só poderá ser efetivada, de fato, após a observância dos seguintes critérios:

  • Mesmo tipo de estabelecimento, conforme registro do prestador no Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde – CNES;
  • Mesmos serviços especializados, conforme registro do prestador no CNES;
  • Localização no mesmo município:
    • Em caso de indisponibilidade ou então inexistência de prestador no mesmo município, poderá ser indicado prestador em município limítrofe a este;
    • Em caso de indisponibilidade ou inexistência de prestador nos municípios limítrofes, poderá, então, ser indicado prestador na Região de Saúde à qual faz parte o município.

COBERTURA EM CASO DE DESCREDENCIAMENTO

Os planos de saúde costumam negar cobertura a tratamentos que não estão disponíveis em sua rede credenciada. Ainda que exista a cobertura contratual para a doença que demanda esses tratamentos.

No entanto, essa atitude é contrária ao Código de Defesa do Consumidor. Além disso, impede que o contrato firmado entre as partes atinja sua finalidade. Ou seja, a de garantir uma adequada prestação de serviço de saúde ao consumidor.

Descredenciamento de hospitais

Marcos Patullo, advogado especialista em direito à saúde e sócio do Vilhena Silva Advogados.

Então, se o contrato prevê determinada enfermidade, o plano de saúde deve, primordialmente, fornecer ao seu beneficiário todo o tratamento médico que lhe foi indicado. Além disso, deve arcar com as respectivas despesas fora de sua rede ou reembolsar o paciente. Mas somente caso não possua, em sua rede credenciada, recursos ou técnicas que proporcionem ao paciente o adequado tratamento. Isso deve ser feito mesmo que o paciente/beneficiário se trate fora da área de abrangência contratual.

Este importante entendimento já se consolidou nos tribunais. Nesse sentido, o Superior Tribunal de Justiça decidiu que o paciente não pode deixar de receber o tratamento com a técnica mais moderna. Especialmente no momento em que a doença, coberta contratualmente, acomete o conveniado.

Desse modo, qualquer descumprimento dos requisitos exigidos na Lei, o consumidor deve, sem dúvida, comunicar a Agência Nacional de Saúde Suplementar. Entretanto, caso não obtenha êxito na esfera administrativa, a Justiça resguardará seus direitos.

 

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SulAmérica descredenciamento; descredenciamento hospitais

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Estadão | Fabiana Cambricoli | 10/12/2022 | Rafael Robba

 

Clientes argumentam que tiveram de interromper e atrasar acompanhamentos ou mesmo pagar por exames

Com 2 milhões de clientes no segmento saúde, a operadora SulAmérica vem sendo alvo de reclamações e processos judiciais por descredenciar inúmeros serviços – entre laboratórios, hospitais e clínicas – nos últimos meses. Clientes argumentam que, com as mudanças, tiveram de interromper ou atrasar acompanhamentos médicos e, em alguns casos, estão tendo de se deslocar para outras cidades para ter acesso a determinados procedimentos.

Beneficiários e entidades de defesa do consumidor afirmam que as alterações na rede credenciada começaram no início do ano e se intensificaram a partir de setembro, coincidindo com o período da venda da operadora para a Rede D’Or, anunciado em fevereiro e aprovado pelo Cade em novembro. A Rede D’Or, no entanto, afirma que a negociação está em curso e que ainda não assumiu a gestão da operadora (leia mais abaixo).

O número de queixas abertas no site Reclame Aqui contra a SulAmérica quase dobrou neste ano em comparação com 2021, passando de 4,9 mil para 9,3 mil no período. A SulAmérica afirma que fez apenas ajustes pontuais na rede laboratorial e que segue as normas da ANS (leia mais abaixo).

“Notamos esse movimento de descredenciamento, principalmente na rede laboratorial, e percebemos que os beneficiários não estavam sendo devidamente avisados. Eles ficavam sabendo que não tinham mais direito quando já estavam no local para fazer o procedimento. Alguns até tiveram de pagar o procedimento”, conta Ana Carolina Navarrete, coordenadora do programa de saúde do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec).

Foi o caso da gerente de marketing Kézia Pietro, de 54 anos, que acompanhava a filha de 18 anos em consultas e exames em um hospital oncológico por uma suspeita de tumor na tireoide. “O plano descredenciou esse hospital e outros dois da minha cidade para exames laboratoriais e de imagem. Tive de pagar quase R$ 300 para fazer um dos exames da minha filha”, afirma ela, que mora em Ribeirão Pires, região metropolitana de São Paulo.

Ela diz que, com as mudanças, precisa se deslocar pelo menos 15 quilômetros até um município vizinho para fazer um simples exame de sangue. “Quando a gente fez a escolha do plano, foi justamente pela rede credenciada. Agora vivemos esse transtorno.”

O líder de laboratório Neemias Jesus da Conceição, de 35 anos, também reclama que ficou sem opções perto de casa. Além disso, sua mulher está grávida de 7 meses e a clínica onde faz o pré-natal foi descredenciada. “A obstetra nos acompanha desde o começo da gravidez e faria o parto. Como vamos ter confiança para mudar de médico na reta final da gravidez?” Nos dois casos, os usuários dizem não ter recebido nenhuma comunicação da operadora.

A contadora Tereza Cristina Rodrigues Narciso, de 65 anos, que faz acompanhamento há cinco anos após o diagnóstico de um câncer de endométrio, perdeu o direito de realizar os exames no hospital oncológico onde era monitorada e teve vários médicos descredenciados do plano. “Médicos de várias especialidades que o plano cobria agora tenho que pagar particular. As consultas custam de R$ 800 a R$ 1.000 e o máximo que consigo é um reembolso de R$ 168″, conta.

Navarrete explica que o Código de Defesa do Consumidor (CDC) prevê que as empresas são obrigadas a comunicarem seus clientes sobre qualquer mudança no produto ou serviço, e a resolução normativa 259/2011, da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), determina que a operadora deve substituir prestadores descredenciados por outros equivalentes.

Diante do cenário, o Idec enviou ofício para a operadora recomendando que seja feita nova comunicação sobre as mudanças a todos os clientes e que os que tiveram gastos por conta da situação sejam ressarcidos.

 

Ações na Justiça

De acordo com o advogado Rafael Robba, sócio da Vilhena Silva Advogados e especialista em direito à saúde, quando se trata de um descredenciamento em massa, e não pontual, o processo precisa ser autorizado pela ANS.

O escritório já moveu 30 ações na Justiça por descredenciamento de rede pela SulAmérica neste ano. Em todo o ano passado, apenas uma ação do tipo havia sido movida pelo escritório. “Se a SulAmérica descredenciou uma série de prestadores e não colocou outros no lugar, é um redimensionamento de rede que só pode ser feito com autorização. Além disso, se o beneficiário já faz acompanhamento em algum serviço, essa perda pode gerar prejuízo na continuidade daquele tratamento”, diz.

Algumas ações já tiveram seus pedidos liminares julgados pela Justiça, com ganho de causa para o beneficiário. Foi o caso da radialista Cristina Braga, de 60 anos, que teve um segundo diagnóstico de câncer de mama em 2018 e faz tratamento e acompanhamento periódicos.

Rafael Robba, especialista em Direito à Saúde

Advogado Rafael Robba, sócio da Vilhena Silva Advogados

Ela conta que é atendida desde 2008 (ano do diagnóstico do primeiro câncer) no mesmo hospital e que, no último mês, foi informada que não poderia mais fazer os exames na unidade. “Estou em remissão, mas é um tipo de câncer com alto potencial de recidiva, então me sinto mais segura em manter o acompanhamento onde estou”, afirma.

Na decisão do caso de Cristina, o juiz estabelece que a operadora deve restabelecer a rede onde a paciente fazia acompanhamento em 48 horas, sob pena de multa diária de R$ 1 mil. No parecer, o magistrado afirma que, “dada a gravidade da situação de saúde da autora, há o risco de dano à sua vida e integridade caso a providência não seja deferida”.

Segundo Robba, os maiores prejudicados pelas mudanças na rede credenciada têm sido beneficiários de planos individuais ou do plano empresarial Exato, de valor mais baixo. “Pode ser uma estratégia para esses consumidores deixarem esses planos ou fazerem upgrade, por serem menos interessantes economicamente para a operadora. Cabe à ANS fiscalizar porque, na prática, essas mudanças dificultam o acesso”, afirma.

 

Empresa alega só ‘ajustes na sua rede de atendimento’ em SP

Questionada sobre os descredenciamentos e as reclamações dos clientes, a SulAmérica afirma que não descredenciou médicos e serviços hospitalares, somente fez “ajustes na sua rede de atendimento laboratorial na cidade de São Paulo” para os planos da linha Exato e alguns individuais, centralizando seu atendimento na Rede Dasa, o que teria aumentado o número de pontos de atendimento de 90 para 160, “cobrindo toda a região metropolitana”.

“A rede de prestadores foi reorganizada de forma que alguns planos sejam atendidos essencialmente por laboratórios parceiros credenciados (Lavoisier, Salomão e Zoppi, Delboni, Cytolab e Deliberato), com ampla capilaridade e com qualidade reconhecida”, afirmou a empresa. Clientes da região metropolitana de cidades como Ribeirão Pires, Carapicuíba e Barueri dizem, porém, ter ficado sem opções.

A empresa diz ainda que seguiu as normas da ANS e “tem comunicado e reforçado” as mudanças aos beneficiários. Disse também que “está atuando para que seus prestadores orientem adequadamente os(as) beneficiários(as) para que nenhum(a) deixe de ser atendido(a)”.

A SulAmérica afirma ainda que as reclamações recebidas estão sendo “prontamente atendidas” e que “os canais de atendimento ao consumidor permanecem a postos para atender qualquer dúvida pelo aplicativo, site, WhatsApp ou telefone”.

A ANS também foi questionada sobre o monitoramento e fiscalização das mudanças na rede da operadora, mas não se pronunciou.

A Rede D’Or informou que a negociação para a compra da SulAmérica ainda não foi concluída porque passa por análise de órgãos públicos. Dessa forma, diz a empresa, não há gestão da Rede D’Or na SulAmérica. O grupo hospitalar afirmou ainda que as mudanças feitas pela SulAmérica na rede credenciada antecedem a negociação para a aquisição da companhia. E ressaltou que as alterações nos prestadores de serviço retiraram atendimentos da própria Rede D’Or – em São Paulo, por exemplo, o parceiro escolhido para assumir os atendimentos laboratoriais foi o Grupo Dasa.

 

Como reclamar

SulAmérica: (11) 3004-9723 (SAC pelo WhatsApp) e chat disponível no aplicativo da operadora

ANS: 0800 701 9656 ou pelo Fale Conosco do site www.ans.gov.br

Idec: (11) 3874-2150

O Idec também tem uma página com orientações sobre as regras para descredenciamento de serviços por planos de saúde e como os consumidores podem buscar seus direitos, inclusive na Justiça.

* Após a publicação da reportagem, foi acrescentado esclarecimento da Rede D’Or de que o processo de compra da SulAmérica ainda não foi finalizado e, por isso, a Rede D’Or ainda não assumiu a gestão da operadora.

 

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Folha de S.Paulo | Cláudia Collucci | 12.10.2022 | Rafael Robba

 

Empresa afirma que fez ajustes na rede de atendimento laboratorial, mas que não houve mudança na lista de médicos

A seguradora SulAmérica, que foi comprada pela Rede D’Or, está descredenciando vários serviços de saúde, o que tem levado usuários a acionar ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar) e órgãos de defesa do consumidor, além de ingressar com ações na Justiça.

 

Beneficiários relatam que não foram comunicados previamente pela operadora e que só souberam do descredenciamento quando tiveram atendimentos recusados em clínicas, laboratórios e consultórios.

A lei que rege os planos de saúde permite o descredenciamento, mas determina que os beneficiários sejam avisados com 30 dias de antecedência sobre o serviço descredenciado.

Em nota, a SulAmérica informa que realizou ajustes na sua rede de atendimento laboratorial em São Paulo, mas diz que a realização de exames em regime hospitalar durante internação, o atendimento em pronto-socorro e a rede credenciada de médicos e serviços hospitalares não sofreram alterações.

Na ANS, o número de queixas contra SulAmérica teve um salto em setembro. Foram 110 reclamações relativas às redes hospitalar e não hospitalar, número recorde desde julho do ano passado. Em 2021, a média foi de oito queixas por mês. Neste ano, entre janeiro e agosto, a média mensal foi de 15.

Embora não haja um detalhamento dessas reclamações, o período coincide com o movimento de descredenciamento, iniciado em meados de setembro.

“Ninguém teve aviso de nada. Em geral, o usuário foi fazer um exame ou uma consulta, ou tinha um procedimento agendado quando soube do descredenciamento”, diz o advogado Elton Fernandes, especialista em direito à saúde, que afirmou que, nas últimas semanas, tem recebido de dois a três clientes por dia interessados em processar o plano.

De acordo com a legislação, a operadora também tem a obrigação de substituir um hospital descredenciado por outro equivalente. Mas, segundo advogados, isso não tem ocorrido. Em troca dos serviços descredenciados, a SulAmérica estaria ofertando aos consumidores outros que já existiam na rede contratada.

 

“Nesses casos, não é substituição, é supressão do direito do consumidor, uma vez que a empresa não concedeu o abatimento proporcional na mensalidade pela perda daquele hospital”, reforça Fernandes.

Segundo o advogado Rafael Robba, do escritório Vilhena Silva advogados, a maior parte das reclamações que tem recebido são referentes ao descredenciamento de serviços oftalmológicos, como o Hospital dos Olhos, e de laboratórios, como o Fleury, que funcionavam em hospitais.

“Os consumidores foram pegos de surpresa. Não é que eles substituíram, tiraram um e colocaram outro. Houve uma redução na rede credenciada. Por exemplo: muitos desses usuários já tinham direito à rede Dasa e também ao Fleury dentro dos hospitais. Agora, eles só têm a rede Dasa. Também já tinham direito ao H.Olhos e agora só têm o Cema [hospital]”, explica.

O advogado afirma que os beneficiários que procuram o escritório para processar o plano se queixam da perda do histórico de exames que faziam na instituição descredenciada. “Muitos ainda estão em tratamento ou fazem acompanhamento de doenças crônicas.”

 

Segundo os advogados, os usuários mais afetados são os que possuem planos individuais e familiares. “São de todas as classes sociais. De reitor de universidade a donas de casa. Parece-me um evidente desincentivo à manutenção desses contratos individuais e familiares”, relata Fernandes.

A empresária Sandra Bastos, 56, é uma das que estão ingressando com ação judicial contra a SulAmérica. Ela diz que recebeu um email da operadora informando que agora teria exclusividade de laboratórios na rede Dasa, mas não foi avisada que os do HCor e o Cura, onde ela fazia os exames, haviam sido descredenciados. “Só descobri quando liguei para marcar os exames preventivos anuais. Foi um choque.”

Bastos conta que até tentou marcar uma mamografia e um ultrassom de mamas na rede Dasa, mas não conseguiu. “Lá, dizem que eu não tenho direito aos exames porque o plano não cobre, que eu teria que pagar. Decidi que nem vou me estressar. Vou entrar na Justiça e pronto.” Ela, o marido e os três filhos têm um plano familiar da SulAmérica desde 1998 e pagam uma mensalidade de R$ 7.300.

No site Reclame Aqui, também há dezenas de reclamações contra a SulAmérica sobre descredenciamento de serviços e profissionais, demora de reembolsos e de marcação de exames e procedimentos.

Ao menos oito queixas sobre descredenciamentos chegaram ao Idec (Instituto de Defesa do Consumidor) nos últimos dias. Segundo a advogada Ana Carolina Navarrete, coordenadora dos programas de saúde da entidade, o movimento de reclamações é atípico e costuma indicar problemas coletivos de consumo.

Por esse motivo, o instituto enviou ofício à SulAmérica solicitando esclarecimentos. Segundo o Idec, a operadora confirmou que realizou ajustes na rede de atendimento laboratorial na cidade de São Paulo, mas nega que não tenha avisado os beneficiários.

 

“Mas as reclamações que recebemos dão conta de pessoas que descobriram as alterações na rede credenciada apenas no momento do atendimento”, diz Navarrete.

Na sua avaliação, toda e qualquer mudança nos serviços e atividades prestadas pelas operadoras deve ser comunicada aos consumidores e consumidoras de forma expressa, direcionada e completa.

Em nota, a SulAmérica informa que realizou ajustes na sua rede de atendimento laboratorial em São Paulo para a linha de produtos Exato e alguns planos individuais, centralizando seu atendimento na Rede Dasa.

Afirma que a realização de exames em regime hospitalar durante internação e atendimento em pronto-socorro não sofreu nenhum ajuste. Diz também que não houve mudança na rede credenciada de médicos e serviços hospitalares, como tratamentos e terapias —o que contraria queixas de muitos beneficiários sobre descredenciamento de médicos.

 

Segundo a operadora, “a rede de prestadores foi reorganizada de forma que alguns planos sejam atendidos essencialmente por laboratórios parceiros credenciados do grupo Dasa (Lavoiser, Salomão e Zoppi, Delboni, Cytolab e Deliberato), com ampla capilaridade e com qualidade reconhecida”.

“Na prática, a rede Dasa foi ampliada de 90 para mais de 160 pontos de atendimento, cobrindo toda a região metropolitana de São Paulo”, diz a nota.

A operadora afirma também que seguiu as normas estabelecidas pela ANS e que tem comunicado e reforçado as mudanças a todos os beneficiários. Informa ainda que está atuando para que seus prestadores orientem adequadamente os beneficiários para que nenhum deixe de ser atendido.

Também em nota, a ANS diz que prestadores hospitalares podem ser substituídos por outro equivalente, mediante comunicação prévia ao consumidor e à agência com 30 dias de antecedência. “Essa comunicação não precisa ser individualizada (carta, email), mas a operadora deve garantir que o beneficiário fique ciente da informação.”

Segundo a ANS, a lei permite a exclusão de prestadores hospitalares e, nesses casos, os atendimentos serão realizados por outros que já fazem parte da rede. Porém, é preciso aval prévio da agência.

Já os prestadores não hospitalares (consultórios, clínicas, laboratórios) só podem ser descredenciados se forem substituídos por outro equivalente. “Não há necessidade de autorização, nem de comunicação à ANS, mas a operadora deve comunicar aos beneficiários através do seu site e da Central de Atendimento, com 30 dias de antecedência e manter a informação disponível para consulta, por 180 dias.”

A ANS orienta os usuários que procurem inicialmente a operadora para que ela resolva o problema e, caso não tenha a questão resolvida, registre reclamação em um dos seus canais de atendimento.

Prevent Senior; plano de saúde; descredenciamento; hospitais; reclamações;ANS; rede credenciada;atendimento médico; operadora de saúde; direito do consumidor.

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Folha de S.Paulo | Mariana Zylberkan | Marcos Patullo | 15/03/2022

 

Beneficiários da operadora se queixam de demora no atendimento; empresa diz que faz mudança na rede de parceiros

A operadora de saúde Prevent Senior excluiu 15 hospitais de sua rede credenciada entre janeiro e março deste ano e viu o número de reclamações dispararem, segundo a ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar).

No medo período de 2021, ​nenhum hospital foi excluído pela operadora —houve apenas a substituição de um local.

O gerente de recursos humanos Mauro Tadeu Augusto, 56, descobriu há pouco tempo que a Prevent Senior, plano que paga há três anos, não disponibiliza consulta com ortopedista na zona norte de São Paulo, onde mora.

“Moro a 5 minutos de duas unidades da Prevent e tenho que ir até Santo Amaro [zona sul] ou Anália Franco [zona norte] para ser atendido”, diz sobre bairros distantes de sua casa. “Imagina os idosos que não podem pagar por esse deslocamento?”

Beneficiários registraram 662 queixas na ANS entre janeiro e março deste ano, mais que o dobro do calculado nos mesmos meses em 2021, quando houve 311 reclamações.

O levantamento só considerou a primeira semana de março, portanto, o primeiro trimestre deste ano deve registrar um aumento ainda maior de reclamações. ​

A legislação atual exige que as empresas comuniquem à agência reguladora apenas casos de descredenciamentos de estabelecimentos hospitalares, mas não dos demais prestadores, como médicos e laboratórios.

A ANS também esclarece que as operadoras têm o direito de reduzir a rede hospitalar desde que os atendimentos sejam absorvidos pelos outros hospitais e com a autorização expressa da agência.

Em nota, a Prevent Senior afirmou que está reestruturando sua rede de parceiros e que “boa parte” dos descredenciamentos partiu dos prestadores de serviços, após a empresa discordar de reajustes abusivos dos repasses. “Os serviços da operadora e o atendimento médico prestados não foram afetados, apesar de eventuais transtornos pontuais”, informou a operadora.

Uma das redes de laboratórios descredenciadas, a CDB (Centro de Diagnóstico do Brasil), afirmou em nota que a decisão de não atender mais os clientes do plano foi unilateral da Prevent Senior. “O laboratório continua com as portas abertas para os clientes por meio de atendimento particular.”

Sobre a alta no número de reclamações de beneficiários da Prevent, a ANS afirmou que a operadora está em regime de direção técnica, um mecanismo de acompanhamento feito pelo órgão, desde outubro de 2021. “A agência reforça que está conduzindo as apurações sobre a operadora de forma rigorosa e atenta.”

De acordo com a ANS, os números de reclamações se referem a manifestações que ainda não foram apreciadas e, portanto, não representam necessariamente infrações da operadora. As queixas são direcionadas automaticamente às operadoras de saúde, que têm de cinco a dez dias úteis para enviar uma resposta ao beneficiário.

A Prevent Senior afirmou que as reclamações à ANS são em grande parte por queixas não assistenciais, como atrasos de boletos de cobrança. Isso se deveu à implantação de um novo sistema de gestão financeira. “A Prevent tem taxas de resolutividade que chegam a quase 100% das queixas, e está trabalhando para diminuí-las.”

Segundo o advogado especializado em direito dos usuários de planos de saúde Marcos Patullo, a legislação permite o descredenciamento da rede de parceiros desde que as empresas substituam por uma opção equivalente. “Isso costuma dar bastante polêmica porque o critério de equivalente, nesses casos, é subjetivo”, diz.

Por exemplo, a operadora de saúde não é obrigada a substituir um médico ou laboratório no mesmo bairro, ou região do prestador descredenciado, segundo o advogado.

De acordo com a empresa, no caso do beneficiário que reclamou sobre falta de ortopedistas na rede, foram oferecidas consultas em unidades dentro do prazo preconizado pelo contrato e legislação. “Devido ao fato de os consultórios não estarem próximos da residência do beneficiário, foram recusadas pelo paciente”, informou. ​

Em nota, a ANS afirmou que está em curso um levantamento sobre os prestadores descredenciados pela Prevent Senior “para verificar se a operadora cumpriu todas as normas regulamentares”.

As operadoras de saúde têm obrigação de informar alterações na rede assistencial com até 30 dias de antecedência, segundo a agência reguladora. Caso a regra não seja seguida, é aplicada multa de R$ 30 mil a R$ 50 mil. Os valores podem aumentar até 20 vezes caso a infração produza efeitos de natureza coletiva.